Projeto “Retrato: Um olhar além do tempo”

Dando continuidade ao Projeto “Retrato: Um olhar além do tempo” apresentamos, agora, o utente Francisco Vargas.

Francisco Vargas é filho da vila, “ó Cuba terra bendita”. Nasceu em 1938, na rua de Beja, como faz questão de frisar. Para Francisco, ser criança era brincar na rua sem grandes receios do que acontecia lá fora. Reunia-se com o grupo de amigos da vizinhança, no Largo da Bica, estivesse o calor mais abrasador ou a chuva miudinha. Não era preciso muito para a brincadeira acontecer, desde que a imaginação não faltasse… Iniciou o trabalho na agricultura desde cedo, ajudando o pai na lavoura, mas tal não o impediu de frequentar a escola e concluir a terceira classe pois “havia tempo para tudo”. Longe vão os “tempos de tropa” em que o feijão “sem sabor” povoava as mesas do refeitório do quartel de Évora, onde permaneceu cerca de dois anos. Na adolescência, começou a namorar com aquela que seria o amor da sua vida. O amor e a cumplicidade entre eles continuaram a crescer e Francisco resolveu oficializar as coisas, pedindo Adelaide em casamento. Já passaram mais de seis décadas juntos, sempre apaixonados e cúmplices um do outro. O casal teve dois filhos e quatro netos, dos quais sentem muito orgulho.

Sentado no sofá de sua casa, Francisco recorda momentos vividos que lhe trazem um sorriso ao rosto e um sentimento de carinho e saudosismo ao peito. Dos tempos da Mocidade Portuguesa, relembra os “dias bem passados” e as atividades desenvolvidas. Conta, com brilho no olhar, como nasceu a sua paixão pelo cante alentejano. Francisco é natural de Cuba, “Catedral do Cante”, e interpretou-o, durante anos, nos “Ceifeiros de Cuba” e posteriormente nos “Amigos do Cante”. Enquanto pai, recorda o dia do nascimento dos filhos gémeos e todas as suas etapas de vida até à fase adulta, na qual teve a “honra” de assistir aos seus casamentos. E ser avô? É ser “pai com mais calma, mais tempo e mais experiência”.

Viu-se, ouviu-se e sentiu-se histórias de uma vida. ❤️